*Erik Penna

Outro dia assisti ao filme “O Lobo de Wall Street”, com 3 horas de duração, estrelado por Leonardo Di Caprio no papel de Jordan Belfort. Na trama, Belfort um rapaz pobre, começa a trabalhar como corretor, ganha dinheiro, abre sua própria corretora e, vendendo cada vez mais, fica milionário.

Algumas perguntas surgem muito pertinentes relacionadas ao filme e ao mundo das vendas:

Para vender muito, vale tudo?

Convencer o cliente a qualquer custo é válido?

Será que valeu a pena tudo o que ele fez e a forma como agiu?

É interessante assistir ao filme e cabe também fazer uma analogia entre o vendedor dinossauro e o vendedor moderno:

– Dinossauro: é aquele que oferece o produto ou serviço e até pode conseguir vender, mas o foco dele é a comissão, pois pensa no dinheiro após cada venda fechada. Não se preocupa se o item será de fato útil ou vantajoso para o comprador, se o cliente está satisfeito com a aquisição ou se precisa de algo mais após a efetivação do negócio.

– Contemporâneo: é aquele que não pensa apenas no fechamento da venda, apesar de precisar da comissão, mas ele sabe que isso é consequência de um bom trabalho e um excelente atendimento. Aliás, quando o atendimento encanta, você não precisa vender. O cliente compra!

Este profissional moderno atenta-se para pelo menos 3 outros quesitos fundamentais no mundo pós-pandemia:

1- ANTES – A arte da Escutatória: Consultoria

Campeão de vendas é aquele vendedor que escuta as palavras que o cliente não diz.

O vendedor antigo acha que precisa falar, falar e falar. Pensa que resolve tudo na lábia e, às vezes, acaba tendo que fazer rodeios para fechar um negócio.

Já reparou quantos cursos de oratória existem? Toda semana eu recebo divulgação de algum treinamento que ensina a falar bem. Agora reflita: você participou de algum curso de escutatória? Pois é, somos treinados para falar, mas não para escutar e, a partir daí, adotar novas e mais acertadas soluções para o cliente. Muito tem se falado sobre venda consultiva, mas a maioria dos vendedores não consegue atuar como um consultor. Sem escutar, não entendem tudo o que cerca o mundo, as necessidades dos clientes e, sem estas informações, fica quase impossível fazer a venda certa para a pessoa certa.

 

2) DURANTE – A era da experiência sensorial

Mais do que comprar, as pessoas desejam vivenciar momentos especiais e exclusivos. O cliente desta geração quer protagonizar um momento diferente, especial e marcante ao ter contato com a sua marca, produto ou serviço.

É necessário algo mais sensorial, que mexa com os 5 sentidos dele e o remeta a algo agradável que traga satisfação, bem estar, alegria, prazer.

É preciso inovar nas práticas para conquistar os consumidores e adotar novos diferenciais para surpreendê-los. Surpreender é conseguir fazer mais do que ele espera.  É tornar uma simples visita, numa grande experiência. A venda? Será uma consequência.

3) DEPOIS – Pós-venda

Quem viu o filme “O Lobo de Wall Street”, se lembra quantas vezes o corretor ligou para conversar com o cliente após o contrato ser firmado? Todo vendedor sabe ou deveria saber, que o pós-venda é hoje fundamental para a manutenção da relação com o cliente. Quando bem aplicado, se torna uma grande vantagem competitiva, pois muitos sabem, mas poucos aplicam.

Portanto, vale a pergunta: O que você faz para seu cliente depois que ele compra e paga. Nada? Algum contato pessoal com ele, por telefone ou email? Nenhum? Se a pessoa responder nada e nenhum, cuidado, um dinossauro pode estar bem próximo.

A pandemia evidenciou que o mundo precisa de inovação, mas também urge por encontros, afeto, atenção e emoção.

Mais do que vender, é preciso ter uma visão ampliada do processo de vendas, estudar o antes, agir no durante e se relacionar no depois.

Erik Penna

*Erik Penna é especialista em vendas, palestrante de vendas, motivação e empreendedorismo, autor de 6 livros e já apresentou mais de 1000 palestras no Brasil e no exterior www.erikpenna.com.br